Reflexos das relações de saber-poder no contexto da estratégia de Saúde da Família
DOI:
https://doi.org/10.21270/archi.v8i5.3248Resumo
Introdução: A configuração das relações de saber-poder no contexto da Estratégia de Saúde da Família influencia fortemente na qualidade e capacidade cuidadora desse serviço. Objetivo: Analisar os reflexos da presença de relações de saber-poder no cuidado de saúde prestado pela Estratégia de Saúde da Família. Material e Método: Trata-se de um estudo de natureza qualitativa, desenvolvido junto a 20 profissionais assistencialistas que compõem o quadro de profissionais das três unidades de Estratégia de Saúde da Família do município paraibano de Nazarezinho, realizado mediante entrevista gravada norteada por formulário semiestruturado. Os dados coletados foram transcritos e analisados sob a luz da Análise da Ordem do Discurso, realizada após a construção de duas categorias temáticas. Resultados: No discurso dos entrevistados, observou-se a percepção do entrelaçamento entre saber e poder, o qual se relaciona à formação profissional, destacando determinados trabalhadores como superiores e resultando em relações desiguais de poder que favorecem a prestação de uma assistência de saúde verticalizada e a aproximação das práticas da Estratégia de Saúde da Família do modelo curativista. A presença de relações de saber-poder implica em uma distribuição desigual de poder no contexto estudado, interferindo na interdisciplinaridade entre os profissionais. Conclusão: Destaca-se a necessidade de promover o empoderamento dos profissionais de saúde, com vistas a estabelecer sua autonomia para que prestem uma assistência de saúde horizontalizada, com integralidade e desnuda de relações de poder.Descritores: Poder Público; Estratégia de Saúde da Família; Atenção Primária à Saúde; Equipe de Assistência ao Paciente.
Referências
- Silva IS, Arantes CIS. Relações de poder na equipe de saúde da família: foco na enfermagem. Rev Bras Enferm. 2017;70(3):607-15.
- Veloso ISC. Configurações das relações de poder no Serviço de Atendimento Móvel de Urgência de Belo Horizonte [tese]. Belo Horizonte: Universidade Federal de Minas Gerais;2011.
- Foucault M. Vigiar e punir: nascimento da prisão. 35. ed. Petrópolis: Vozes; 2008.
- Foucault M. Microfísica do poder. Rio de Janeiro: Edições Graal; 1979.
- Oliveira HM, Pires TO, Parente RCP. As relações de poder na Estratégia de Saúde da Família sob o enfoque da teoria de Hannah Arendt. Sau & Transf Soc. 2011;1(2):17-26.
- Goldstein RA, Barcellos C, Magalhães MAFM, Gracie R, Viacava F. A experiência de mapeamento participativo para a construção de uma alternativa cartográfica para a ESF. Ciênc saúde coletiva. 2013;18(1):45-56.
- Fortuna CM, Mishima SM, Matumoto S, Pereira MJB. O trabalho de equipe no programa de saúde da família: reflexões a partir de conceitos do processo grupal e de grupos operativos. Rev Latino-Am Enfermagem. 2005;13(2):262-68.
- Cavalcanti PB, Carvalho RF. A interdisciplinaridade no programa saúde da família: como articular os saberes num espaço de conflitos? Sociedade em Debate. 2010;16(2):191-208.
- Minayo MCS. Análise qualitativa: teoria, passos e fidedignidade. Ciênc saúde coletiva. 2012;17(3):621-26.
- Bardin L. Análise de Conteúdo. São Paulo: Edições 70;2011.
- Foucault M. A ordem do discurso. 5. ed. São Paulo: Edições Loyola;1999.
- Fischer RMB. Foucault e a análise do discurso em educação. Cad Pesqui. 2001(114):197-223.
- Oliveira LHS, Mattos RS, Castro JBP, Luz MT. Práticas corporais de saúde para pacientes com fibromialgia: acolhimento e humanização. Physis. 2017;27(4):1309-32.
- Tong A, Sainsbury P, Craig J. Consolidated criteria for reporting qualitative research (COREQ): a 32-item checklist for interviews and focus groups. Int J Qual Health Care. 2007;19(6):349-57.
- Critical appraisal skills programme [Internet]. 10 questions to help you make sense of qualitative research. [Acesso em 2017 Ago 16]. Disponível em: http://www.cfkr.dk/images/file/CASP%20 instrumentet.pdf.
- Ferreirinha IMN, Raitz TR. As relações de poder em Michel Foucault: reflexões teóricas. Rev Adm Pública. 2010;44(2):367-83.
- Marques GS, Lima MADS. Organização tecnológica do trabalho em um pronto atendimento e a autonomia do trabalhador de enfermagem. Rev Esc Enferm USP. 2008;42(1):41-7.
- Baptista MKS, Santos RM, Duarte SJH, Comassetto I, Trezza MCSF. O paciente e as relações de poder-saber cuidar dos profissionais de enfermagem. Esc Anna Nery. 2017;21(4):1-7.
- Pires MRGM, Göttems LBD. Análise da gestão do cuidado no Análise da gestão do cuidado no Programa de Saúde da Família: referencial teórico-metodológico. Rev Bras Enferm. 2009;62(2):294-99.
- Costa DT, Martins MCF. Estresse em profissionais de enfermagem: impacto do conflito no grupo e do poder do médico. Rev Esc Enferm USP. 2011;45(5):1191-98.
- Villa EA, Aranha AVS, Silva LLT, Flôr CR. As relações de poder no trabalho da Estratégia Saúde da Família. Saúde Debate. 2015;39(107):1044-52.
- Matumoto S, Fortuna CM, Mishima SM, Pereira MJB, Domingos NAM. Supervisão de equipes no Programa de Saúde da Família: reflexões acerca do desafio da produção de cuidados. Interface (Botucatu). 2005;9(16):9-24.
- Silva JAM, Peduzzi M. Educação no trabalho na atenção primária à saúde: interfaces entre a educação permanente em saúde e o agir comunicativo. Saúde Soc. 2011;20(4):1018-32.
- Barreto SAP, Bertani IF. Rituais do poder nas organizações de saúde. Serv Soc & Saúde. 2005;4(4):39-54.
- Galavote HS, Franco TB, Lima RCD, Belizário AM. Alegrias e tristezas no cotidiano de trabalho do agente comunitário de saúde: cenários de paixões e afetamentos. Interface (Botucatu). 2013; 17(46):575-86.
- Lima L, Pires DEP, Forte ECN, Medeiros F. Satisfação e insatisfação no trabalho de profissionais de saúde da atenção básica. Esc Anna Nery. 2014;18(1):17-24.
- Ministério da Saúde (BRASIL). Política Nacional de Humanização. Brasília: Editora do Ministério da Saúde;2015.
- Sulti ADC, Lima RCD, Freitas PSS, Felsky CN, Galavote HS. O discurso dos gestores da Estratégia Saúde da Família sobre a tomada de decisão na gestão em saúde: desafio para o Sistema Único de Saúde. Saúde Debate. 2015;39(104):172-82.
- Ojeda BS. A tecedura das relações saber-poder em saúde: matizes de saberes e verdades [tese]. Porto Alegre: Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul; 2004.
- Gaiva MAM, Scochi CGS. Processo de trabalho em saúde e enfermagem em uti neonatal. Rev Latino-Am Enfermagem. 2004;12(3):469-76.
- Oliveira HM, Moretti-Pires RO, Parente RCP. As relações de poder em equipe multiprofissional de Saúde da Família segundo um modelo teórico arendtiano. Interface Botucatu). 2011; 15(37):539-50.
Downloads
Não há dados estatísticos.
Downloads
Publicado
2019-08-08
Como Citar
Silva, B. N. da, Silva, C. R. D. V., Silva, A. F. da, Sarmento, W. M., & Véras, G. C. B. (2019). Reflexos das relações de saber-poder no contexto da estratégia de Saúde da Família. ARCHIVES OF HEALTH INVESTIGATION, 8(5). https://doi.org/10.21270/archi.v8i5.3248
Edição
Seção
Artigos Originais