Mesentério: um novo órgão?

Autores

  • Carolina Aparecida Ribeiro, Wesley Lopes da Silva, Daiane Mitiko Viana Saito, Laisa Mansano
  • André Valério da Silva, Hélder Silva e Luna

Resumo

Os primeiros registros de descrição anatômica do mesentério datam de 1508, realizados por Leonardo da Vinci, como uma estrutura abdominal contínua. Estudos detalhados sobre a disposição do mesentério e sua relação com os demais órgãos da cavidade abdominal, em especial o intestino, levaram a concluir que ele era contínuo com o mesocólon; porém, seriam estruturas diferentes, ficando restrito apenas ao intestino delgado. Essa visão sobre o mesentério prevaleceu ao longo do século XX e a consequência foi a descrição resultante na literatura anatômica, embriológica, cirúrgica e radiológica de um mesentério fragmentado. Estudos recentes sugerem, por critérios anatômicos e funcionais, que o mesentério seja designado como um órgão do corpo humano, pois fornece uma estrutura hierárquica dentro da qual pode-se investigar mais facilmente e melhor compreender a biologia e doenças humanas. Nessa perspectiva, este estudo teve como objetivo buscar dados na literatura sobre a morfofisiologia do mesentério que sustentem essa reclassificação e suas implicações no contexto clínico-cirúrgico. Foi realizado um levantamento bibliográfico de artigos de relevância na base de dados PubMed, sendo dez selecionados. Os critérios de inclusão utilizados foram a relevância dos artigos, bem como o foco na estrutura do mesentério. Os trabalhos que não atendiam a esses critérios foram excluídos. Em nosso estudo, encontramos que o mesentério é composto por uma camada dupla de mesotélio, superficial e profunda, preenchido por tecido conjuntivo frouxo impregnado de adipócitos. Subjacentes à camada de mesotélio profunda interposta entre peritônio e mesentério existe a fáscia de Toldt, que tem função adesiva. Além disso, o mesentério não é mais considerado como um órgão espectador na fisiologia humana, pelo contrário, ele é ativo e extremamente importante na regulação da homeostase local e sistêmica. Na doença de Crohn, por exemplo, as manifestações da doença mesentérica e intestinal são estreitamente acopladas e as anormalidades do mesênquima mesentérico e submucoso são similares. Sua reclassificação de um anexo complexo a um órgão contínuo e simples poderá fomentar a criação de novos estudos, otimizar o conhecimento de sua funcionalidade e os efeitos que sua morfofisiologia podem gerar no cenário clínico-cirúrgico. Ou seja, maiores investigações do papel do mesentério nas doenças estimulam a descoberta de terapias farmacológicas e radiológicas e o aperfeiçoamento de técnicas cirúrgicas.

Descritores: Mesentério; Histologia; Anatomia; Fisiologia.

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Publicado

2019-01-09

Como Citar

Daiane Mitiko Viana Saito, Laisa Mansano, C. A. R. W. L. da S., & Hélder Silva e Luna, A. V. da S. (2019). Mesentério: um novo órgão?. ARCHIVES OF HEALTH INVESTIGATION, 7. Recuperado de https://archhealthinvestigation.com.br/ArcHI/article/view/4106