Influência de fatores sociodemográficos e percepção familiar na condição periodontal de indivíduos com Síndrome de Down

Resumo

Avaliar a condição periodontal de indivíduos com Síndrome de Down (SD) e sua associação com fatores sociodemográficos, comportamentais e percepção familiar. Este estudo transversal observacional foi desenvolvido em um centro de assistência odontológica à pessoa com deficiência. Todos os pais foram entrevistados, e os parâmetros clínicos avaliados por um examinador calibrado foram o índice de placa visível (IPV), sangramento à sondagem (SS), profundidade de sondagem, nível de inserção clínica e número de dentes perdidos. Sessenta e quatro indivíduos (23,8±8,3 anos) foram incluídos. Dezoito (28,1%) foram diagnosticados com gengivite e 46 (71,9%) com periodontite. Em modelo múltiplo de regressão logística, a chance de ter periodontite foi 4,7 vezes maior dentre indivíduos com mais de 20 anos e de 4,3 vezes maior naqueles em que a higiene bucal é realizada com a ajuda dos pais. Sexo, tempo de acompanhamento no serviço, educação, grau de dependência do paciente, uso de fio dental e história familiar de doença periodontal não estiveram associados com a ocorrência de periodontite. A ocorrência de periodontite foi significantemente maior quando os pais avaliaram a saúde bucal de seus filhos como ruim (86,2%) e quando os pais acreditavam que os filhos apresentavam desconforto bucal (81,4%). Níveis mais elevados de placa e sangramento foram observados em pacientes com pais que relataram problemas de saúde gengival (76,2% e 46,9%) e higiene bucal deficiente (79,5% e 47,3%). Conclui-se que a prevalência de periodontite em indivíduos com SD é alta e ocorre precocemente, mesmo frente a percepção de saúde satisfatória dos pais. Este estudo evidencia a necessidade de estratégias de prevenção além da orientação dos pais, com o estabelecimento de abordagens periodontais com maior periodicidade de acordo com a idade do indivíduo.

Descritores: Síndrome de Down; Doenças Periodontais; Promoção da Saúde.