Lúpus eritematoso discóide: o papel da equipe multidisciplinar em estomatologia

Resumo

O lúpus eritematoso é uma doença auto-imune, caracterizada pela produção de auto-anticorpos contra vários constituintes celulares. Afeta a pele e mais raramente a mucosa bucal. Trabalhos existentes na literatura relatam prevalência entre 6,5% e 21% de lesões bucais. Os aspectos clínicos podem incluir: eritema malar, fotossensibilidade, alopecias e úlceras orais. Caso clínico: paciente L.B.A.F, sexo feminino, 76 anos, compareceu ao Serviço de Medicina Bucal (SMB) com queixa de “descamação da pele”. Ao exame clínico extra-bucal, observou-se áreas de atrofia e descamação no lábio inferior, orelhas e couro cabeludo. Ao exame intra-bucal, verificou-se áreas de erosão difusa na mucosa jugal, bilateralmente, entremeadas por placas brancas de aspecto rendilhado. A paciente foi examinada pelo Dermatologista do SMB que realizou biopsia do couro cabeludo, sendo conclusivo para lúpus eritematoso discóide. Relata ardência e que as lesões bucais surgiram há 6 meses. Restringe a alimentação ácida. Relata ainda medo de transmitir a doença a familiares, pois a paciente havia consultado diversos profissionais de saúde e nos últimos 6 anos sem diagnóstico conclusivo. A paciente aparentava tristeza e desânimo. Foi encaminhada ao Psicólogo do SMB, que constatou depressão e estresse. Com o tratamento psicológico e com Plaquinol (Cloroquina) houve melhora do quadro emocional e das lesões bucais e cutâneas. O papel da equipe multidisciplinar é de grande importância no diagnóstico, tratamento e controle dessa condição, contribuindo para a melhoria da qualidade de vida do paciente.