Perfil Epidemiológico da Violência contra a Mulher em um Município da Região Sul do Brasil

Autores

  • Marcelo Augusto Amaral Professor Adjunto, Curso de Odontologia, Universidade Cesumar - UNICESUMAR, 87050-900 Maringá - PR, Brasil https://orcid.org/0000-0001-6325-9210
  • Jean Carlos Ramos Dultra Cirurgião-Dentista, Universidade Cesumar - UNICESUMAR, 87050-900 Maringá - PR, Brasil https://orcid.org/0000-0002-1516-9488
  • Gustavo Pereira Mackincs Cirurgião-Dentista, Universidade Cesumar - UNICESUMAR, 87050-900 Maringá - PR, Brasil https://orcid.org/0000-0001-7985-9341
  • Vitória Amaral Mestranda em Ciências Jurídicas. Universidade Cesumar - UNICESUMAR, 87050-900 Maringá - PR, Brasil https://orcid.org/0000-0002-3491-4535

DOI:

https://doi.org/10.21270/archi.v11i4.5555

Palavras-chave:

Agressão, Agressão; Violência Contra a Mulher; Odontologia., Odontologia

Resumo

Introdução: A violência contra a mulher é um problema de saúde pública que traz consequências para a saúde das vítimas e familiares envolvidos, além de suscitar sentimentos como o medo, a angústia, a baixa autoestima, a autodepreciação, o distanciamento social e a dificuldade nas relações interpessoais. Objetivo: Descrever as agressões físicas sofridas por mulheres de um município da região Sul do Brasil, e avaliar os fatores sociodemográficos envolvidos no processo da violência. Material e Métodos: Trata-se de um estudo descritivo analítico transversal, realizado em 319 laudos de mulheres de 18-50 anos atendidas pela Delegacia da Mulher de Maringá/PR, no período compreendido entre janeiro de 2015 a dezembro de 2019. Resultados: Identificou-se que as mulheres com idade média de 32,2±8,7 anos, brancas (86,84%), solteiras (52,35%) e com ocupação profissional do lar (7,52%) foram as principais vítimas da violência do estudo. As lesões mais frequentes foram equimose (43,14%), escoriação (26,67%), hematomas (11,24%) e abuso sexual (3,92%), acometendo principalmente os membros superiores (35,65%), inferiores (20,18%), região maxilofacial (19,27%) e cabeça (8,26%). As lesões em região maxilofacial, de cabeça e pescoço, totalizaram 27,53% da violência sofrida pelas vítimas submetidas aos exames de corpo de delito. A idade das mulheres esteve associada à violência doméstica e/ou de gênero e a elevada prevalência de casos foi observada no ano de 2019 (p<0,05). Conclusão: As mulheres na faixa etária próxima aos 32 anos, de pele branca, solteiras e cuidadoras do lar representam um perfil de risco para a violência doméstica e/ou de gênero. Os traumatismos maxilofaciais são frequentes e evidenciam a importante relação entre a Odontologia e a violência contra as mulheres, bem como revelam sua relevância sobre a qualidade de vida desta população.

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Publicado

2022-09-05

Como Citar

Amaral, M. A., Dultra, J. C. R., Mackincs, G. P., & Amaral, V. (2022). Perfil Epidemiológico da Violência contra a Mulher em um Município da Região Sul do Brasil. ARCHIVES OF HEALTH INVESTIGATION, 11(4), 599–604. https://doi.org/10.21270/archi.v11i4.5555

Edição

Seção

Original Articles