Violência em Escolas de Ensino Infantil: a Importância do Professor como Principal Identificador
DOI:
https://doi.org/10.21270/archi.v14i2.6546Palavras-chave:
Violência Doméstica, Maus-Tratos Infantis, Educação Infantil, Professores EscolaresResumo
Introdução: A violência é reconhecida como uma questão social e um severo problema de saúde pública devido à magnitude da violação aos direitos humanos, com graves consequências físicas, sociais e emocionais que podem durar toda a vida. Objetivo: Analisar os casos de violência contra a criança, identificados por professores de Escolas Municipais de Ensino Básico (EMEBs), de uma cidade do Estado de São Paulo. Métodos: As informações para determinar a prevalência de casos de violência contra a criança; o perfil das vítimas e grau de parentesco dos agressores; as características dos casos de violência; e o reconhecimento de casos reincidentes foram coletadas por meio de entrevistas realizadas, individualmente, com todos os professores (n=41) de cinco EMEBs de uma cidade do Estado de São Paulo. Os dados foram processados e analisados com auxílio do programa EpiInfo, versão 7.2. Resultados: No total, foram identificadas 181 vítimas de violência, sendo a maioria do sexo masculino (51,93%) e com 5 anos de idade (47,5%). Em relação ao grau de parentesco com a vítima, verificou-se que os pais foram os principais agressores. A negligência foi a forma de violência mais frequente (79,6%), seguida por violência psicológica (16%). Constatou-se que 82,9% dos casos de violência eram reincidentes. Conclusão: A violência, principalmente sob a forma de negligência, ainda é um problema alarmante que acomete as crianças e, no contexto do contato frequente do ambiente escolar, os professores podem assumir papel imprescindível na detecção e notificação dos casos de maus-tratos.
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